Arma de arremesso
O sol estava a pique e atravessava a pala de acrílico como se nada fosse. Implacável. O jogo estava muito previsível. Enfadonho. O intervalo foi, por isso, uma benção.
Eu, o rapaz, o primo e o padrinho fomos ao bar refrescar as gargantas e aproveitar a sombra que passeava no corredor por detrás dos camarotes.
Comprei duas garrafas de água sem gás e naturais. A funcionária, antes de as entregar, retirou-lhes as tampas e guardou-as, fornecendo-as já abertas.
Surpreendido com a situação, questionei a vendedora sobre o motivo da remoção das tampas. A resposta saiu disparada[1], tal e qual uma arma de arremesso:
- São as ordens que tenho!
Fiquei na mesma, mas não insisti, pois a fila atrás de mim ia crescendo e a sede, não só a minha, era muita.
Fomos então os quatro beber cada um a sua água, passear um pouco ao longo do corredor e despejar as garrafas inofensivas no caixote do lixo[2].
Pedroso (V. N. de Gaia), 3 de agosto de 2013.