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Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

26.Jan.14

O escultor

  Chema Madoz

 

Abri a porta e lá estava ele à minha espera. Sentei-me e fiquei a apreciá-lo. Começou a andar à volta do objeto, da esquerda para direita e da direita para esquerda à procura do melhor ângulo. Para tirar dúvidas, media o desbaste com os dedos. Quando parava, investia com determinação sobre a peça. Os desperdícios iam-se espalhando pelo chão e alguns ficavam agarrados ao corpo. Eu estava curioso no que aquilo ia dar. Às vezes ele levantava a cabeça e conferia a obra refletida no espelho. Nestes momentos os nossos olhares cruzavam-se. Já no fim perguntou-me: que tal? Eu revi-me e respondi: mais leve!

 

Vila Nova de Gaia, 26 de janeiro de 2014.

26.Jan.14

Censura

 Chema Madoz

- Pai, és a favor da censura?

 

Respondi afirmativamente, pois uma sociedade não pode subsistir sem regras, as quais pressupõem a culpa (censura) e a punição (sanção penal, civil, disciplinar e outras). Sem ela seria a anomia (sinónimo da anarquia). Depois apercebi-me que a censura a que se referia dizia respeito ao Fascismo que estava a estudar na disciplina de História. Aí calei-me.

 

Vila Nova de Gaia, 25 de janeiro de 2014.

25.Jan.14

Diálogos conjugais XVI

- Paulo, hoje és tu a fazer a cama.

- Porquê?

- Porque ontem fi-la eu!

 

Detesto fazer a cama sozinho. Irrita-me andar de um lado para o outro. E quando me lembram, são irritações a dobrar: o esquecimento e as voltas à cama.

 

Vila Nova de Gaia, 25 de janeiro de 2014.

24.Jan.14

Sandra Nobre

 

Primeiro foi Paris, a seguir Portimão, depois Lisboa e agora é o Porto. E quando tem tempo vai a Xangai num pé e vem no outro. Esta rapariga não tem fronteiras. A acompanhá-la, quer seja em Monparnasse, na Foz do Douro, num jardim em Belém ou no Carregal, ou, com mais frequência, no Quintal, há sempre livros, com ou sem varicela. Nos últimos tempos, vem capturando, em flagrante delito e por mútuo consentimento, momentos de leitura dos outros, estranhos ou conhecidos (mais vezes estranhos) e, quem sabe, seus clientes. Et voilá Sandra Nobre. 

 

24.Jan.14

Sob o céu da Borralha, Vila real

Era tão límpido, tão puro. Uma autêntica alegria para os sentidos.

Tenho a certeza absoluta que já li aquele azul em algum lado[1].

 

Vila Real, 23 de janeiro de 2014.



[1] Quando cheguei ao Alto de Espinho o céu era negro. Entre as árvores que bordam o lado esquerdo da estrada há ali uma nesga por onde se vê um longo e profundo desfiladeiro. Em dias mais escuros, parece o caminho para o fim do mundo. É a representação perfeita do abismo. No final da viagem fiquei com uma certeza: de lá para cá nunca mais vi um azul assim. E com uma questão: será que o Marão é um coador?

19.Jan.14

A BULA de Janeiro 2014

 

Iniciamos o ano de 2014 com a publicação de A BULA, cujos comprimidos foram todos prescritos por Madalena Santos, enquanto a ilustração saiu da pena de Pedro Monteiro. Depois de impressa e cuidadosamente dobrada, A BULA pode ser lida em qualquer lugar, sendo muito frequente ver-se os utentes de automóveis, autocarros, comboios, metro, TGVs, barcos e aviões rendidos aos benefícios da sua leitura. O titular da Autorização de Introdução no Mercado e Fabricante é o Correio do Porto e foi aprovada pela última vez no dia 31 de dezembro de 2013.

 

Para fazer download basta clicar na imagem.

 

Ver criação d’ A BULA  aqui.

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