Quando venho para estes lados, depois de passar o viaduto do rio Corgo, só penso em chegar a Murça e a Lamas de Orelhão.
Em Murça nunca me canso da arrumação dos bardos. A minha perplexidade não esmorece perante tanta harmonia na paisagem. Continuam a pentear com muito esmero os montes (será Murça uma menina prendada?). Até quando?
É pena o morro do lado esquerdo de quem sobe até ao nó. É uma autêntica ferida a sangrar na encosta. Vamos esperar que ganhe crosta. Até lá é uma dor de alma passar ali.
Entrando em Franco a certeza do deslumbramento aumenta a ansiedade. Ela vai crescendo à medida que vamos subindo em direção a Lamas de Orelhão. A descompressão acontece quando dobramos o cume da autoestrada e avistamos o planalto. Parece que a subida é uma rampa de lançamento para planarmos sobre a paisagem. O deleite do olhar é ininterrupto. Dura, dura (cuidado com o trânsito). Será uma embriaguez paisagística? Entre a estação de serviço da BP e a saída para Mirandela percorremos um verdadeiro miradouro (ou será miramontes?).
Soberbo!
Melhor só no alto de Orelhão.
Porto-Mirandela pela A4, 25 de fevereiro de 2015.
NOTA: se formos à boleia de Nora Jones, a preocupação com o trânsito é muito menor.