Teoria do otimismo literário ou romanismo
Outro desafio de Ramón ao seu tempo foi ele ter sido o escritor menos angustiado da literatura. Em todas as suas páginas sobrevém um optimismo cósmico. E nessas páginas tão exaltadamente vitais, tão percorridas por um sangue mais espesso e célere que o dos touros, não há nenhum sentimento mórbido nem sombrio. Não há nele solidão angustiada; pelo contrário, sente-se entranhado em todas as criaturas, estendendo-se a todas as coisas a genialidade panteística da sua criação.
Por José Camón Aznar in O médico inverosímil, Antígona, página 245.
*
E foi um otimista (e um "bon vivant" e um "poseur") ao arrepio de todo o trágico peninsular, não apenas porque o otimismo era um tique de época, mas por uma razão mais pessoal e mais funda, que se prende com a relação especial que mantinha com o quotidiano e a realidade concreta.
No fundo, esse "boémio que levou a sua liberdade até à literatura" não se integrou em nenhum ismo, limitando-se a fazer... ramonismo.
Por Rui Caeiro in Seios, & etc, página 7 e 9.