Diálogos conjugais XXVIII
- Estrela, já viste este casal?!
- É um casal com muita rodagem!
Os nossos diálogos estão cada vez mais metafóricos.
Santiago de Compostela, Centro Galego de Arte Contemporânea, 18 de agosto de 2016.
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- Estrela, já viste este casal?!
- É um casal com muita rodagem!
Os nossos diálogos estão cada vez mais metafóricos.
Santiago de Compostela, Centro Galego de Arte Contemporânea, 18 de agosto de 2016.
Contrariando a vontade da mãe e o entendimento da aldeia, Pedro decidiu casar com Raquel, uma rapariga doente e com casos de loucura na família. No início tudo correu normalmente, mas a dada altura a mulher começou a dar sinais de loucura. Até que um dia o tentou matar. Desesperado, Pedro levou-a presa sobre um burro a uma capela à espera de um milagre. Depois de lá estar a mulher pareceu melhorar. À vinda, quando passavam junto a um pontão, ela suplicou-lhe para que a soltasse dizendo que já estava curada. Ele acreditou no milagre e soltou-a. Só que ela fugiu-lhe e atirou-se do pontão abaixo. Sem nada poder fazer, Pedro prosseguiu o caminho e viu uma vitela em sofrimento por ter sido atacada por um lobo, o que o fez lembrar a mulher que agora descansava em paz. Então decidiu acabar com a agonia do animal. Matou a vitela.
Sinopse do conto de Miguel Torga O milagre, publicado in Novos Contos da Montanha, 10.ª edição de autor, Coimbra 1981, páginas 159.
Sobrado dos Monxes, Galiza, 16 de agosto de 2015.
- Pai, por que compras o jornal se tens as notícias todas na net?
Eu ainda sou do tempo do jornal em papel. Vou aproveitando enquanto há.
Vila Nova de Gaia, 8 de agosto de 2016.
Por parte da autarquia, a obra, de avultados investimentos, estava licenciada, os requerentes pagavam taxas, estava tudo conforme a lei do município. Esqueceu a autarquia (esquece a maioria) que existe a lei do Estado, superior à do município e com regulamentação específica sobre a matéria (lei especial derroga a lei geral). Se não houvesse IGESPAR o aquário nunca seria desmontado.
Este caso deve servir para todos nós repensarmos a atual tendência de municipalização de serviços do Estado central.
Aliás, há sinais em sentido contrário.
Por exemplo, a fiscalização e instrução dos processos de contraordenação da lei de defesa da floresta, passou para a competência exclusiva da GNR, face à ineficiência dos serviços municipais.
É que sempre que existe um conflito entre um particular e o Estado, por regra, o município (independentemente dos partidos) intercede junto deste a favor do primeiro. Sucedeu nas demolições na Arrábida e na Ria Formosa.
Quem vai permitir sancionar os potenciais votantes? Quantos embargos e consequentes demolições promovidos pelos municípios ocorreram na última década?
Por isso, a concretizar-se, a municipalização da educação será mais outro erro que se irá cometer. Aqui é caso para dizer: dividir para reinar.
A propósito, já alguém pensou no absurdo de haver no país tantos regulamentos de taxas municipais quantos os municípios. Mesmo admitindo-se que muitos regulamentos são réplicas de outros, é crível que o cálculo da taxa devida pela ocupação de um lugar na feira seja diferente de município para município?
E que dizer do Código Regulamentar do Município do Porto? Um autêntico monumento jurídico para gerir um pequeno território.
Os municípios são autênticos Estados dentro do Estado, o que gera confusão, discricionariedade, desperdício de meios humanos e financeiros e mais burocracia, quando não acompanhada da injustiça.
A municipalização dos serviços centrais é o resultado de uma troca de favores políticos que correspondeu, na fundação da nacionalidade, à concessão de forais. O fenómeno repete-se.
Concluindo, quanto mais poderes os municípios subtraírem ao Estado, mais fraco será o Estado. Isto já para não falar da conversão de atividades de natureza pública em áreas de negócios privados. Como sejam, a título de exemplo, o exercício do poder de autoridade do Estado por privados (fiscalização dos parquímetros) e o exercício do poder de autoridade a favor de determinados privados (os gratificados da PSP).
Ar rimas casam-se pela arte e divorciam-se pela trivialidade.
Por Carlos Drummond de Andrade, O avesso das coisas - Aforismos, Editora Record, 2.ª edição 1990, versão em PDF.
O rei nunca está nu no banho; cobre-se de adjetivos.
Por Carlos Drummond de Andrade, O avesso das coisas - Aforismos, Editora Record, 2.ª edição 1990, versão em PDF.