João Pedro Mésseder
Parece que o estamos a ver: num longo e esguio corredor, emparedado por estreitas janelas, caminha um rapaz, aí dos seus treze anos, trajando um casaco castanho de bombazine e levando na mão o Filho do Homem. Tem um ar estimado e muito prendado. Depois vemo-lo descer a Avenida Camilo compenetrado a soletrar sílabas de pedra. A seguir, a cruzar olhares fugidios com as princesas do Rainha. À noite, perdido na cidade aplacada, é fácil surpreendê-lo a ouvir o brilho da água e a olhar o céu à espera que as estrelas desçam para boiar no rio. Já na altura era um menino que padecia de um vício incurável: a poesia. →