A Geira Romana
Depois da Rota dos Romeiros (Fafe) fiz, enquanto romano (nickname), o Trilho da Geira Romana, entre Santa Cruz e Covide (Terras de Bouro[1]).
NOTAS SOBRE A CAMINHADA:
Água: a jorros, quando recolhida e encaminhada por obra do homem (aquedutos). A rir, se escorria naturalmente pela encosta e encontrava pelo caminho pedras que lhe faziam cócegas. De onde em onde, parecia que a terra chorava, não era suficiente para formar um curso de água, mas dava para refrescar a alma. Talvez por isso, em certos momentos era bastante percetível o murmúrio da terra.
Orientação solar: todo o percurso foi feito do lado da encosta virada a norte. Daí a vegetação mais densa, com mais sombras que facilitavam a caminhada durante um dia soalheiro.
Fauna: vimos duas ou três vacas castanhas no cimo do monte (muito acima da Geira), vários garranos e um potro, um milhafre, metade de uma cobra (a parte da cauda) e um sardão verde estático[2].
Flora: muitos carvalhos, giestas, fetos e urze, esta última, especialmente na encosta oposta à Geira.
Kitsch: vimos um portão em chapa, enorme (alto e comprido), de acesso a uma moradia (quinta), delimitada por rede malha-sol. A casa estava revestida a granito amarelo lavrado. Foi o momento kitsch da jornada, à atenção de Álvaro Domingues.
Curva da eira: o restabelecimento das energias ocorreu no café Eiras (Covide). Com um olho na comitiva e outro no trânsito, pois a todo o momento algum veículo (mais tratores) ainda entrava pela esplanada adentro (já tinha entrada na mercearia contígua, segundo fonte fidedigna).
Veiga de Cima de Covide: quando chegamos ao sopé da encosta, ao deslumbrar aquelas leiras extensas e lavradas, surgiu-me, espontaneamente, sem qualquer esforço da memória[3], a ideia de classificar o lugar como uma veiga. Mais tarde, ao vaguear na net, confirmei que os naturais de Covide assim designam aquele sítio.
[1] No dia 6 de maio foi publicado o Decreto n.º 5/2013, que procede à ampliação da área classificada dos marcos miliários da Via Romana XVIII e à redenominação do sítio classificado, no concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga.
[2] Como aquele tinha ficado parado, por instantes, espantado com a comitiva, pude apreciar o verde intenso do reptil, ao contrário dos outros sardões que até então tinha visto a correr, que eram de um verde fugidio, antónimo do verde estático.
[3] Talvez tenha relembrado a veiga de Chaves ou a Várzea da Rainha.