Reviver o futuro em Tongobriga
Sempre viemos.
Não tem a monumentalidade de Conimbriga, em especial quando comparada com a casa dos repuxos, mas a extensão da cidade dá para compreender o relevo social e económico que a mesma teve.
Aqui não existe museu.
As peças de valor estão espalhadas pelo Museu Martins Sarmento em Guimarães, no Museu de Vila Nova de Gaia e no Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa.
O único pavimento em mosaico até agora descoberto (só visível parcialmente) está escondido debaixo da capela de Freixo.
Tal como em Conimbriga, o Fórum está virado a sul (sudoeste para ser mais preciso). Em certos momentos temos a sensação dejá vu, que se acentua mais quando contemplamos a paisagem para além do Fórum. Em Conimbriga aquele terminava num precipício acentuado (tinha o sopé no rio dos mouros). Aqui não deu para ter a dimensão exata do declive, mas a sua existência era percetível através do vão que ia do limite da plataforma à face da montanha mais próxima. Em ambos os casos, o espaço amplo e plano, a perder-se de vista (em direção sul), se, por um lado, transmite tranquilidade, por outro eleva-nos por efeito do contraste com a outra montanha, o outro lugar.
Mais uma vez tive a consciência da nossa precariedade. Foi um banho de fragilidade, de debilidade. Evitei escrever finitude, por este último ser um termo cruel e implacável, mais condizente com locais associados à morte, tais como cemitérios e urgências de hospitais.
Concluindo: por muito que custe a assimilar, o futuro não é sinónimo de progresso, nem de decadência. É sinónimo de incerteza.
Freixo (Marco de Canaveses), 25 de agosto de 2013.