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Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

30.Nov.14

Diálogos conjugais XXIII

Paulo Moreira Lopes
- O barbeiro cortou-te tão pouco cabelo?! - Disse-lhe que tinha de sair às onze para ir buscar o rapaz. Ele cortou o que pôde até àquela hora. Fez o que eu lhe pedi.   Da próxima vez que o barbeiro me perguntar se quero que corte muito ou pouco cabelo vou responder: meia hora de corte de cabelo.   Vila Nova de Gaia, 29 de novembro de 2014.  
24.Jul.14

Diálogos conjugais XXII

Paulo Moreira Lopes
- Olha um cão de água! - Será que molha?   Claro que não, respondi. O dono tinha-o preso ao guarda-chuva.   Jardim Soares dos Reis, Vila Nova de Gaia, 23 de julho de 2014.
19.Jul.14

Diálogos conjugais XXI

Paulo Moreira Lopes
- Chegas-te bem? - Assim assim. O carro está a fazer um barulho esquisito. Na viagem apareceram umas luzes, mas não sei qual o significado. Não sei o que se passa. Ele não fala!   Sem palavras: eu e o carro.   Vila Nova de Gaia, 17 de julho de 2014
02.Mar.14

Diálogos conjugais XX

Paulo Moreira Lopes
- Paulo, podes levar o lixo? - Está bem! Dá cá! (…) - Voltas-te?! - Esqueci-me da chave do carro.   Neste momento só me tinha esquecido da chave do carro. Depois, quando cheguei à garagem, saí sem levar o saco da fruta que ela me preparou (pousei o saco enquanto vim a casa buscar a chave). Tudo por culpa dela e da mania de me pedir para fazer duas coisas ao mesmo tempo: sair e levar o lixo. Acabei por levar o lixo e esqueci-me de sair (levar a chave). Se saísse sem levar o (...)
09.Fev.14

Diálogos conjugais XIX

Paulo Moreira Lopes
- Então o que é que eu trago? - Trazes A. Senão houver A, trazes B. Senão houver B trazes C. Senão houver C trazes D. - Está bem. Senão houver A eu depois telefono-te.     É impossível acompanhar o pensamento alternativo dela. E quando é intercalado com à partes (onde, quando e como conheceu a coisa ou a pessoa) e pormenores (cores, dimensão e preço da coisa), é para esquecer logo que surja o primeiro parêntesis.   Vila Nova de Gaia, 9 de fevereiro de 2014.
07.Fev.14

Diálogos conjugais XVIII

Paulo Moreira Lopes
- Paulo, estás a ver o que te estou a dizer? - Não. - Podias ter logo dito!   Quando me descreve pormenores da casa, nem sempre consigo ver o que me diz. Não compreendo é a irritação dela, sabendo há mais de vinte anos que sou míope.   Vila Nova de Gaia, 7 de fevereiro de 2014.
02.Fev.14

Diálogos conjugais XVII

Paulo Moreira Lopes
- Paulo, espera um bocadinho, por favor! - Está bem. - Nesta carteira nunca encontro o que quero. Tem muitas bolsinhas.   Nunca lhe mexo nas carteiras, mesmo quando me pede. É-me impossível encontrar seja o que for naquela confusão. O que não sabia é que ela prefere a confusão às bolsinhas.   Vila Nova de Gaia, 31 de janeiro de 2014
25.Jan.14

Diálogos conjugais XVI

Paulo Moreira Lopes
- Paulo, hoje és tu a fazer a cama. - Porquê? - Porque ontem fi-la eu!   Detesto fazer a cama sozinho. Irrita-me andar de um lado para o outro. E quando me lembram, são irritações a dobrar: o esquecimento e as voltas à cama.   Vila Nova de Gaia, 25 de janeiro de 2014.
30.Dez.13

Diálogos conjugais XV

Paulo Moreira Lopes
- Já viste?! Os talheres estão todos arrumados e no sítio certo. - É verdade. E também é verdade que se fosses mulher terias aproveitado para pôr os talheres na mesa, agora que vamos almoçar, em vez de os colocares todos na gaveta. - Não te preocupes! Eu aguento bem com as tarefas de ser homem.   Começa por pedir ajuda nas tarefas e depois já quer que mudemos de sexo.    Vila Nova de Gaia, 30 de dezembro de 2013.