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Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

12.Abr.14

Curto tempo de espaço

Paulo Moreira Lopes
  Chema Madoz   A minha mãe dizia: vai num pé e volta no outro. Eu lançava-me pela rua abaixo com uma bolina que até andava de lado nas curvas. Podia cortar a direito, mas preferia contornar a estrada e desafiar a gravidade. Nunca me espalhei, nem nunca me perdi em conversas com os amigos. Num curto espaço de tempo chegava ao Escoiral (...)
16.Mar.14

Lebre Ideia, João Saraiva (1866-1948)

Paulo Moreira Lopes
  Um grande homem   Esse homem — bem sabeis — é tolo... Todavia Um amigo, que é dele e meu, disse-me um dia: «Tenho-o visto sentado á banca do trabalho! Com a fronte em suor, num cruciante orvalho, Curvado sobre a mesa o desgraçado anceia! É o galgo Talento atrás da lebre Ideia! Exânime afinal de esforços impotentes, Vai cair no torpor imbecil dos dementes, Esfalfado, a arquejar (...)
13.Fev.14

Segar rebentos

Paulo Moreira Lopes
 Chema Madoz   A cena repete-se há mais de trinta anos. Mal os primeiros rebentos se me tornaram fartos, muni-me de uma lâmina e iniciei a delicada tarefa de os segar. E assim venho fazendo ininterruptamente até aos (...)
11.Fev.14

Está vivo!

Paulo Moreira Lopes
 Chema Madoz   Foi num sábado. Como é meu costume, saí em direção ao jardim. Subi por detrás da escola, do lado esquerdo, e quando cheguei ao cimo atravessei a rua para o outro lado. Segui quase em linha reta até ao quiosque. Lá no alto o Mestre mirava-me de esguelha. Pedi o que queria. Deu-mo dobrado e quando o pousou em cima (...)
26.Jan.14

O escultor

Paulo Moreira Lopes
  Chema Madoz   Abri a porta e lá estava ele à minha espera. Sentei-me e fiquei a apreciá-lo. Começou a andar à volta do objeto, da esquerda para direita e da direita para esquerda à procura do melhor ângulo. Para tirar dúvidas, media o desbaste com (...)
28.Nov.13

O saco

Paulo Moreira Lopes
  O vizinho do primeiro andar caiu-nos do céu. É um homem muito simpático e muito nosso amigo. Sempre que alguma coisa lhe cai no terraço, é certo e sabido, que a guarda e depois coloca-a num saco que a seguir deixa pendurado no puxador da porta do rés do chão para nós a reavermos. São meias, camisolas, brinquedos e outros objetos indefinidos. Há dias em que (...)
02.Nov.13

Atacadores

Paulo Moreira Lopes
  Vinha eu na minha habitual caminhada noturna quando avisto à minha frente um homem parecido comigo a caminhar. Para cúmulo, vestia um impermeável azul almofadado e calças de sarja azul, como eu. Intrigado com a situação acelero o passo, o que ele repete de imediato. Como não há trânsito, atravessa a rua sobre a passadeira, tal e qual como eu costumo fazer, o (...)
28.Out.13

A perseguição

Paulo Moreira Lopes
  Naquele dia fui pela Arrábida. Ao entrar na A20 procurei a fila do meio e apercebi-me que um carro também fazia o mesmo. Mais adiante decido ultrapassar um camião e, em ato contínuo, o veículo faz o mesmo. Vejo pelo retrovisor que é conduzido por uma mulher. Retomo a fila e decido sair em Bessa Leite para voltar a entrar. Na rotunda ela cola-se a mim. Não entro (...)