São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.
São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.
Para serem lidas nas diversas aceções da palavra. Mas se perguntarem ao autor qual delas corresponde a cada uma das histórias, tendo em conta que no momento da sua escrita o sentido das mesmas ficou entre ele e Deus, e que, entretanto, aquele já se esqueceu do espírito com que as escreveu, terão de perguntar a (...)
Cheguei a casa e contei-lhe o que havia ouvido de meu pai: - Um vizinho tomou conta do terreno que fica em frente à casa dos meus pais. Como o homem tinha de regar a terra e a água da companhia é muito cara, foi buscar, ao balde, água à fonte pública, ali no meio dos Bacelos. Meu pai não suportou vê-lo subir a encosta carregado (...)
Cada um de nós tem um conceito próprio do paraíso. Eu não fuja à regra. Devo dizer, aliás, que desde muito novo venho trabalhando para materializar esse lugar. Reconheço, no entanto, que esse lugar acaba por ser, afinal, um estado de alma. Uma paz interior que nos invade depois do dever cumprido. Assim, o paraíso pode acontecer em qualquer lugar porque se instala (...)
Abri o roupeiro à procura de uma camisa. Virei, na minha direcção, uma a uma, as camisas penduradas nos cabides. À medida que as ia inspeccionando, arrastei-as, uma a uma, até ficarem todas juntas. Ainda hesitante, reparei que a penúltima tinha nas costas uma mancha de cor vermelha escura. E a mancha era recente. Não estava ali quando comecei a passar a (...)
O ajustamento económico tem destas coisas. Umas vão outras vêm. De um dia para o outro, melhor dizendo, numa semana, desinstalamos o telefone fixo da PT e mandamos vir outro móvel e da concorrência. Quem vai ao ar perde o lugar, dissemos os três cá em casa. Por minha iniciativa, dirigimo-nos a uma loja e quisemos saber como proceder. Foi tudo muito fácil. (...)
Estampado no colete do homem que empurra os carrinhos das compras podia ler-se: Outsourcing Paquete. (Outsourcing quer dizer de fora e dispensável) Leio e prossigo. (e sem vínculo jurídico) Aproximo-me das portas de vidro automáticas, estas abrem, dou mais uns passos e deixo-me conduzir pelo tapete rolante. (Mas mais importante: sem compromisso afetivo ou efetivo)
No fim da leitura do conto Liliana, inserto n “A Fábrica da Noite” de Cláudia Clemente, fiquei com uma sensação do tipo murro no estômago, muito em voga no linguajar português, em especial no mundo político e jornalístico. Tive falta de ar, seguida de uma dor profunda, tão profundo foi o impacte do murro. Tinha lido vários contos de Cláudia Clemente, (...)
Logo que terminou a minha diligência judicial, em Penafiel, liguei-lhe para saber como estava. Lembro-me perfeitamente. Eu vinha a falar ao telemóvel na avenida principal, do lado oposto às epígrafes de Urbano Tavares Rodrigues. Tudo estava a correr bem, mas, disse-me ela, precipitada, tinha de desligar porque no outro telemóvel estava a receber uma chamada, (...)
Fui buscá-la ao escritório no final do dia e dei-lhe boleia até ao parque de estacionamento do Seminário de “Cristo Rei”. Durante a boleia foi-me contando que tinham estado a cortar as ervas do pavimento do parque e que lhe haviam pedido para deixar o veículo em local diferente do habitual, o que fez. Chegados ao interior do Seminário, parei junto ao carro (...)
Lisboa, 25 de Novembro de 2009 Meu caro A. M. Pires Cabral, vinha avisá-lo que face à inexistência de activo e passivo por parte da editora Nova Nórdica, a Conservatória do Registo Comercial de Lisboa declarou simultaneamente a sua dissolução e o encerramento da liquidação no dia 24 de Novembro de 2009. Como poderá comprovar, o atestado de óbito, com a devida comparação, foi emitido por uma autoridade competente. Dito de um modo simplista: a Nova já era.[1] (...)