São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.
São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.
Acordo. Estou vivo! Olho as horas no rádio despertador. 7h 13m. O dia está luminoso. É o início da Primavera. Levanto-me. Vou ao quarto de banho. Depois à cozinha. Como uma maçã. Saboreio o sumo doce. Royal gala. Um regalo! Vou tomar banho. Pego na roupa interior. Ando levezinho para não os acordar. A água tépida sabe bem. Apetece ficar mais tempo (...)
Dizem que foi fundada pelos Romanos e depois mantida, ampliada, refundada e expandida pelos Suevos, Muçulmanos, e, finalmente, pelos portugueses. Pudera! é uma das cidade mais antigas de Portugal. Fica entre dois vales: o do rio Este e o do rio Cávado. Tem muitas igrejas e uma Sé. E ruas, muitas ruas e mais ruas que dão a todos os lados e a lado nenhum. Quem (...)
Naquela segunda-feira fria de Dezembro, fui acordado pela fria luz que precede a madrugada[1]. Tinha uma diligência judicial agendada para as 9h 30m em Coimbra, mas antes queria aproveitar para pagar a assinatura anual da Revista de Legislação e Jurisprudência na Coimbra (...)
(Meu caro leitor, desde já te advirto que esta história é muito triste, mesmo muito triste. Tem como mote o poder de autoridade de uma mãe, viúva. Trata-se de um poder originário, contemporâneo da sua condição de progenitora, aceite pela sociedade e posteriormente convertido em Lei (cfr: artigos 1877.º e seguintes do Código Civil). À data dos factos (...)
Foi um final de dia surpreendente. A tarefa era morosa e se calhar árdua. Por isso tínhamos pedido reforços: mais dois adultos para o que desse e viesse. Os móveis de escritório tinham que ser levados dali para fora, mais precisamente dali para baixo. Começamos por desaparafusar as estantes com chaves universais. Mas o trabalho não rendia. Lembrei-me então (...)
Àquela hora chegar a casa é um tirinho. Enquanto a maioria via o telejornal, nós circulávamos na A1 sem dificuldades e congestionamentos. A dada altura, entre o km 300 e o 299, o trânsito começa a abrandar. Talvez fosse algum condutor menos habilidoso a embaraçar aquela fluidez. Entre os habituais fura filas e a lentidão forçada lá fomos esperando o (...)
Aquele momento costuma ser mágico, relaxante e inspirador. Cheguei e escolhi a parte do banco duplo virada para a esplanada. Nas minhas costas estavam dois homens a conversar. Iniciei a leitura pelo jornal. A revista fica sempre para último. A folhas tantas, apercebi-me que o banco se abanava. De imediato pensei que estaria manco. Talvez tivesse uma perna mais (...)
ELA tinha planeado aquela aquisição há algum tempo. Pediu ao cunhado - o engenhocas -, as referências do aparelho, pois sozinha não era capaz de tamanha façanha. Foi num sábado de manhã que me entrou pela casa dentro com o olhar radiante e um sorriso a afundar-lhe as covinhas das faces. Vinha abraçada a uma caixa de cartão, enquanto o rapaz vinha atrás muito surpreendido com a alegria dela. Mais surpreendido fiquei eu com aquela eficiência e autonomia conjugal. (...)
Eis o domingo do nosso contentamento. Subíamos os dois de mão dada a rua de Sá da Bandeira. Eu satisfeito pelo dever cumprido. Ele ainda incrédulo com o sucesso da jornada. A iniciativa fora minha. Para se completar a caderneta ou íamos à feira da Vandoma ou à Praça dos Cavalos. Ele escolheu o domingo e a visita à baixa para trocar os últimos cromos do (...)