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Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

Histórias mal contadas

São factos do quotidiano, aparentemente sem qualquer importância, aos quais o autor dá a relevância do absoluto, do todo. É a sua obra-prima, sem prejuízo de outro entendimento.

17.Out.15

"Tanto ar" de César Romão

Tanto ar César Romão

Tanto ar

de César Augusto Romão
Editora: Propagare – Porto

Género(s): Poesia
Concepção gráfica: Manuel Falcão
Paginação: Loja das Ideias
Revisão: Tecniforma
Depósito legal: 303153/09
Páginas: 48
Capa: Renovaprint 240 gramas

Interior: Renovaprint 140 gramas

Tipografia: Lucida Sans Typewriter
Colecção: Poesia 2
ISBN: 978-989-20-1806-5
1.ª edição: 8 de Dezembro de 2010

Preço: 10,00€
Lido em: Abril de 2010

Das virtudes:

Um livro que é um pequeno tesouro. Um objecto que se acaricia com as mãos e com os olhos. Cada página é uma porta que se abre devagar à curiosidade do mundo sensível.

Aqui, o tempo caminha de mão dada com a natureza.

Vamos a casos concretos:

—-

As estrelas vivem

Ao colo dos rios.

 

De dia, dormem de olhos abertos,

Arpoados por centelhas

De prata flutuante.

À noite, saem

Para atapetar o céu de flores.

Curioso: tenho uma em casa e nunca a imaginei assim.

—-

Quando,        no Outono,

 

Os rios se preparam

Para cobrir

As margens do teu corpo,

 

Os teus olhos aprendem

 

A escoar as suas águas.

Será que quando a idade madura chegar com as suas tristezas e alegrias, as lágrimas serão a melhor forma de as aliviar/escoar?

—-

Quando,          no Verão,

 

os ramos do meu olhar

vingarem

nos baldios

dos teus olhos,

 

amanhecerás

no chão

das minhas mãos.

Neste poema expressa-se toda a sensualidade própria do tempo cálido. É nesta época do ano que alguns ramos (paixões) pegam de estaca, ou será no Outono?

Cfr. “as mãos do chão” do poema da página 37.

Dos defeitos:

 

Também há poemas esquisitos:

—-

Entre o céu azul

e o céu da tua boca,

 

vai a distância de um beijo.

Não sei porquê, mas o céu da boca não “combina” com beijo.

—-

No verão,

 

Os pés da tarde crescem tanto,

dentro dos sapatos do dia,

 

que a noite tem dificuldade em caminhar.

A seguir a “crescem tanto,” o pensamento não “liga” com “dentro dos sapatos …”. É como descer uma escadaria e falhar um degrau.

Para mim o poema deve ser lido da seguinte forma:

No verão,

 

Dentro dos sapatos do dia,

os pés da tarde crescem tanto,

 

que a noite tem dificuldade em caminhar.

O índice está muito à esquerda, demasiado próximo do meio do livro.

O preço podia ser mais baixo, mas atendendo ao prazer que se desfruta em cada leitura, acaba por tornar-se acessível.

 

Em conclusão:
Aguardo por novo livro: tão surpreendente como este.

Texto publicado originalmente in

http://www.jn.pt/blogs/paulomoreiralopes/archive/2010/06/04/quot-tanto-ar-quot-de-c-233-sar-augusto-rom-227-o.aspx