Um passo em falso
Os degraus (dois) sempre estiveram ali. Por o gradeamento ficar aquém do fim das escadas quem as descia se não estivesse com atenção dava sempre um passo em falso (e apanhava um susto). A solução, contou-nos o responsável, foi afixar no extremo dos últimos degraus uma fita de cor diferente da do pavimento.
Se não existisse o gradeamento, por certo, não haveria passos em falso. As pessoas sentir-se-iam inseguras e estariam mais atentas.
Se o gradeamento tivesse sido afixado até ao limite dos degraus, por certo, não haveria passos em falso. As pessoas confiariam, como foram habituadas a confiar, que as escadas terminariam no limite do gradeamento.
Como o arquiteto/engenheiro/serralheiro quis desafiar as leis da habituação acabou também por dar um passo em falso, uma vez que as grades tiveram de ser prolongadas à fita, o que ele nunca previu, desvirtuando a sua obra.
Centro Paroquial de Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia, 10 de junho de 2014.